segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Antiguidades - Vontade de escrever

Vontade de escrever

Quando se vai sozinho numa carruagem
Até que dá vontade de escrever
Pela janela ver a vida de passagem
E ver aquilo que não se quer ver

E num jornal dar a leitura repetida
Reler a bolsa e pensar – “talvez um dia”
Mas por agora é fazendo contas à vida
Ter fé no número que se tem p’rá lotaria

Uma canção que nos vem à lembrança
Numa cadência já habitual
De uma viagem feita dia a dia
Mas que por tudo nunca é igual

Alguém que passa meio cambaleando
Com a cadência já habitual
Quebrando a marcha, inicia o sono
Que vai mantê-lo até final

Na minha frente uma se sentava
Me perguntando se já tinha o Borda d’água
Como não tinha, ela a pés juntos me jurava
Que se o comprar nunca mais vou ter dor nem mágoa

E na estação onde ninguém se apeou
Ficou apenas o asfalto da calçada
E nem parece que o comboio ali passou
E se passou, foi como se não fosse nada

Quando se vai sozinho numa carruagem
Levando a jura da senhora já na mão
Pela janela ver o bairro de passagem
E já saber quanto é que falta para a estação

Quando se vai sozinho numa carruagem
Até que dá vontade de escrever

Sem comentários:

Enviar um comentário