sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Atlanticamente - Vidas de um Homem só



Vidas de um Homem só

Enquanto o dia nasce
E não dispersa
Mantenho acesa
A chama da conversa
Um velho contador
De muitas vidas
Relata-as como se
Lhe fossem queridas

Falava de Pessoa
De Adamastor e de Camões
De um porto em Nova Goa
E da monções


Da terra prometida
Da cruz de Cristo engalanada
De Outubro e da Avenida
Da madrugada

Falava dos romanos
Das invasões e generais
Da lenda dos moicanos
Dos cardeais

Falava de cinema
Do ultramar e sua guerra
Da soma do teorema
Da nossa terra

E o dia vai correndo
Em seu recato
Aguardo nova história
Novo acto
E o velho vai contando
Novas vidas
Agora com palavras
Mais sentidas

Falava de Marlene
Da resistência e de Guernica
Do acto mais solene
E do Benfica

Falava da Severa
Do fado eterno Marceneiro
Do tempo em que D. Carlos
Era primeiro

Falava de Miro
De Cristo Rei e da canoa
Da lua sempre só
Sobre Lisboa

Falava de Maria
Dos Jesuítas, de Pombal
Da nobre fidalguia
De Portugal


Música: Miguel Rebelo

Sem comentários:

Enviar um comentário