sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Atlanticamente - A Velha da banca



A Velha da banca

A banca de esguelha
Tocando o joelho
Assento de verga
Cansado de velho

Sombreiro não tem
Que o sol é bem-vindo
O frio esse sim
Só é bom quando findo

Por luto de amor
De negro trajou
Viúva da vida
E de quem a deixou

Mantém um sorriso
Na face enrugada
Ficou-lhe de moça
Não guardou mais nada

Na banca de esguelha
A toalha de renda
É montra de esperança
Num dia de venda

Amêndoas avulso
Colares de pinhão
Queijadas de Sintra
Alicante, o torrão

Se sequeiro a pevide
E pouco salgada
O tremoço, esse é fresco
A castanha é pilada

Na banca de esguelha
Surgindo uns trocados
Parecem ser muitos
De tão desejados

E o dia esgotado
Recolhe-se a medo
Chilreiam pardais
São sons de arvoredo

E a noite não tarde
Não resta mais nada
Está mais triste o jardim
Com a banca fechada


Música: Miguel Rebelo

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